Brasil perde 37,78% da água tratada antes de chegar às casas

Estudo do Instituto Trata Brasil revela que o volume desperdiçado seria suficiente para abastecer 54 milhões de pessoas por um ano

Brasil perde 37,78% da água tratada antes de chegar às casas
Foto: DINO
Brasil perde 37,78% da água tratada antes de chegar às casas

O Brasil enfrenta desafios significativos na gestão de seus recursos hídricos, conforme aponta o “ Estudo de Perdas de Água 2024”, realizado pelo Instituto Trata Brasil em parceria com a consultoria GO Associados . Com base em dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) de 2022, o levantamento revela que 37,78% da água potável distribuída no país é perdida antes de alcançar os consumidores finais.

Esse índice representa aproximadamente 7 bilhões de metros cúbicos de água tratada desperdiçados em um ano, o equivalente a cerca de 7.636 piscinas olímpicas por dia. O volume seria suficiente para abastecer 54 milhões de brasileiros durante um ano — número superior à população que vive sem acesso à água tratada, estimada em mais de 32 milhões de pessoas.

Segundo Davi Sandro de Oliveira, técnico especialista em caça vazamentos de água da empresa ND Caça Vazamento , perdas como essas podem ser combatidas com ações preventivas. “A maioria dos vazamentos ocorre de forma silenciosa e não é percebida de imediato. Por isso, o uso de tecnologias como sensores acústicos e geofones digitais tem sido fundamental para identificar os pontos de perda antes que o desperdício se torne crítico”, afirma.

O estudo destaca que, caso o Brasil reduza as perdas na distribuição para 25% — índice recomendado pela Portaria 490/2021 do Ministério do Desenvolvimento Regional —, o país poderá economizar cerca de R$ 40,9 bilhões até 2034. Essa economia resulta da redução nos custos operacionais, menor necessidade de captação em novos mananciais e mais eficiência no uso da infraestrutura já existente.

As perdas de água são causadas principalmente por vazamentos, falhas de medição e consumos não autorizados. Esses problemas elevam o custo de produção para as empresas de saneamento, impactam o meio ambiente e dificultam a ampliação do acesso à água tratada, especialmente em regiões mais vulneráveis.

No cenário internacional, o Brasil se encontra em posição desfavorável. De acordo com o estudo, o país ocupa a 78ª colocação em um ranking de 139 nações analisadas, ficando atrás de países como China, Rússia e África do Sul, todos com índices de perdas inferiores. A média brasileira, de 37,78%, está cerca de 20 pontos percentuais acima da média de países desenvolvidos, que é de 15%.

Entre as regiões brasileiras, o Norte apresenta o maior índice de perdas, com 51,2%, enquanto o Sul tem o melhor desempenho, com 30,7%. Apenas dois estados — Goiás e Mato Grosso do Sul — conseguiram alcançar níveis de excelência em seus principais municípios, conforme os critérios estabelecidos pela Portaria 490/2021.

O “Estudo de Perdas de Água 2024” está disponível para consulta pública no site do Instituto Trata Brasil. Ele oferece uma análise aprofundada sobre os impactos econômicos e sociais do desperdício de água, destacando que, diante da crise climática e da necessidade de universalização do saneamento, combater as perdas é um passo fundamental para garantir segurança hídrica a milhões de brasileiros.



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